10 razões por trás de um processo seletivo demorado
Por ISIS BORGE - Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Foto: (Cottonbro Studio/Pexels/Divulgação)
É comum os candidatos terem uma alta expectativa ao ingressarem na disputa por uma vaga em uma organização. Por isso, é tão frustrante para eles participar de uma ou mais etapas da seleção e ficar dia
sem notícias sobre o andamento do processo. A situação piora muito quando não há previsibilidade com relação aos próximos passos.
Por atuar com processos seletivos todos os dias, posso afirmar que a situação acima é bem mais comum do que se imagina. Em função disso, decidi trazer uma lista das causas mais comuns por trás dessa demora.
Meu objetivo é tanto auxiliar os candidatos a controlar a ansiedade quanto convidar os recrutadores a refletir sobre oportunidades de melhoria em seus processos de recrutamento.
1. Indisponibilidade de agendas
Quanto mais sênior ou estratégica for a posição, maior será o número de líderes, executivos e pares convidados para entrevistar o candidato, o que exigirá muita habilidade do responsável pelo processo para alinhar as agendas com eficiência.
2. Diretrizes internas ou globais muito rígidas
Cada organização é um universo particular com processos específicos no momento de selecionar e recrutar alguém, incluindo burocracias locais ou globais relacionadas ao pedido de aprovação da abertura do processo, ao salário e aos benefícios a serem ofertados e à documentação entregue pelo candidato.
3. Imprevistos nas estratégias da organização
Por mais organizada que uma organização seja, todas estão sujeitas a sofrer impacto de acontecimentos inesperados da rotina, do mercado, da área de do país ou do mundo — fatores que, em alguns casos, se refletem na necessidade de revisão de ações, planos e estratégias, incluindo o congelamento temporário da vaga ou da criação da posicão.
4. Confidencialidade do processo
Muitas vezes, mesmo após a escolha do melhor candidato, o processo seletivo demora para ser finalizado porque a empresa ainda não definiu o melhor destino para o atual profissional que ocupa a vaga: o desligamento da empresa ou a transferência para outra área. Isso agrega ao processo uma característica de confidencialidade.
5. Prazo para a liberação de budget
Toda ação relacionada ao quadro de colaboradores exige a aprovação de um orçamento para trazer um novo profissional para o time. Nem sempre essa aprovação é imediata. Mas, para otimizar a seleção, a empresa dá início ao processo, agendando a etapa final para uma data posterior à aprovação do budget.
6. Incerteza sobre o perfil de profissional desejado
Um dos principais erros das empresas no processo seletivo é não dedicar tempo para a definição do perfil do profissional que se deseja contratar, incluindo o seu escopo de trabalho. É uma ação que, idealmente, deve considerar a opinião dos gestores e dos pares que terão contato direto com o profissional. A falta dessa boa prática tende a gerar muita insegurança sobre qual profissional escolher, atrasando o processo.
7. Troca da liderança da posição em aberto
Também há casos em que a seleção está seguindo o fluxo programado, mas, de uma hora para outra, o gestor da vaga é substituído. Isso faz com que o processo seja paralisado e reavaliado, mesmo após a definição dos candidatos finalistas. Afinal, é direito do novo líder entrevistar os escolhidos antes que a oferta seja emitida.
8. Dificuldade para encontrar o profissional ideal
Muitas vezes acontece de o gestor ter dificuldade para se encantar com um dos candidatos e, então, prolongar o processo seletivo na busca pelo profissional perfeito. Para não cair nessa situação, a recomendação é que a pessoa responsável pelo preenchimento da vaga tenha capacidade de alinhar as expectativas da empresa com relação aos perfis que ela vai encontrar no mercado de trabalho considerando as ofertas de atração e retenção de talentos.
9. Participação de diretores nacionais ou globais no processo
Principalmente no caso de posições estratégicas, o candidato finalista precisa ser submetido a uma entrevista com diretores nacionais ou globais, conhecidos por terem pouca disponibilidade de agenda. Em casos como esse, é comum que os responsáveis pelo recrutamento elejam cerca de três finalistas, mas encaminhempara a entrevista apenas o profissional com mais afinidade com a vaga, deixando os demais em modo de espera. Quando o primeiro entrevistado é aprovado, os demais são dispensados. Caso contrário, abrem espaço para que o segundo e o terceiro se apresentem. Essa dinâmica, em geral, agrega alguma lentidão ao processo.
10. Avaliação paralela de candidatos internos
Acontece de as empresas conduzirem um processo seletivo interno, com funcionários que se candidatam para a vaga, ao mesmo tempo em que ocorre o externo. Também vejo com frequência casos em que a companhia inicia uma seleção externa e, no meio do processo, alguém interno demonstra interesse na posição — e a empresa paralisa as etapas externas para avaliar primeiro essa pessoa que já está dentro de casa.
O que fazer diante da demora
Considerando o empregador, o correto, em todos os casos listados acima, é fornecer aos candidatos informações claras e objetivas do andamento do processo seletivo, inclusive com previsão de datas e próximos passos, para minimizar a ansiedade dos profissionais e manter o interesse deles na posição. Quanto a quem busca uma oportunidade, sempre recomendo que, com educação e bom senso, o candidato questione a empresa com relação ao passo a passo do processo. Inclusive, caso um retorno atrase, não há mal nenhum em entrar em contato para saber se o processo ainda está ativo e ressaltar o interesse em fazer parte da equipe.
Acredito que essa reflexão é importante pois, na maioria dos casos, quando uma empresa demora um pouco mais para agendar ou esclarecer as próximas etapas, os candidatos tendem a concluir que foram descartados do processo, sem saber ou considerar os inúmeros obstáculos do recrutador para preencher uma vaga. É claro que esse desalinhamento acontece, em grande parte, por falha na comunicação de quem recruta. Mas vejo um crescente número de empresas interessadas em agregar maior profissionalização aos processos seletivos. Então sempre recomendo que os candidatos cobrem um retorno, mas sempre com gentileza e educação.
É importante o cuidado nas cobranças para preservar a sua imagem diante do atual potencial empregador. Além disso, com um mercado de trabalho bastante dinâmico, alguém com quem fomos rudes hoje pode ser a pessoa capaz de nos ajudar na carreira amanhã.
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