60% dos brasileiros querem mudar de emprego em 2023, segundo pesquisa
Levantamento do LinkedIn revela que profissionais querem melhores salários e maior flexibilidade na jornada de trabalho
Por Alexandre Nascimento
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Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Seis em cada dez brasileiros pensam em mudar de emprego ainda em 2023, segundo a mais recente pesquisa do LinkedIn sobre o mercado de trabalho no país. E pelo menos 20% já estão enviando currículos e se movimentando em busca das novas oportunidades.
Os motivos são inúmeros, segundo o levantamento. A maioria que deseja a mudança de ares (40%) é movida pela insegurança financeira e a busca por salários mais altos. Outros 39% dizem que querem trabalhar num lugar onde conseguem conciliar melhor a vida pessoal e o emprego.
Este movimento tem crescido no país, principalmente a partir da pandemia de Covid-19, quando o trabalho remoto foi adotado por muitas empresas devido ao isolamento social.
Esta forma de trabalho caiu no gosto da maioria dos funcionários. Tanto que a mesma pesquisa mostra que 56% dos trabalhadores não aceitariam um novo emprego e nem mesmo uma promoção na empresa onde já trabalham, caso tivessem que deixar o home office para voltar ao trabalho presencial no escritório todos os dias.
O estudo do LinkedIn revelou ainda que os trabalhadores estão bem confiantes de que vão conseguir mudar de emprego neste ano: 77% dos entrevistados acreditam que vão encontrar outra posição caso peçam demissão do trabalho atual.
Os números são ainda maiores entre os profissionais da Geração Z, com idades entre 25 e 34 anos: 82% dos entrevistados nesta faixa etária disseram que se sentiriam confiantes em conseguir uma nova função, enquanto 67% das pessoas com mais de 55 anos disseram o mesmo.
“Os profissionais estão cada vez mais confiantes sobre suas habilidades e a forma como podem contribuir para a empresa e a equipe. Assim, temos notado a valorização de aspectos tão ou mais importantes que o salário, como a flexibilidade e o bem-estar no ambiente de trabalho”, afirma o diretor geral do LinkedIn para a América Latina, Milton Beck.
E segundo ele, esta é uma situação nova para o mercado de trabalho, que deve ser muito bem avaliada pelos empregadores, pois vários deles podem ter dificuldade em contratar novos profissionais caso insistam em oferecer vagas presenciais, sem flexibilidade de horários e com pouca chance de crescimento na carreira.
“Estamos vivendo um cenário inédito em que 60% dos brasileiros planejam uma movimentação na carreira, um aumento de 11 pontos percentuais em relação ao ano passado. Trata-se de um momento em que líderes de todo o Brasil não podem recuar em relação ao trabalho flexível, tampouco cortar investimentos no desenvolvimento profissional, caso queiram reter seus talentos”, avalia.
Dificuldades em oferecer vagas para trabalho remoto
Apesar do desejo da maioria dos profissionais, nem todas as empresas conseguem oferecer vagas para trabalho remoto, principalmente no comércio, onde lojas de roupas, padarias, hotéis e supermercados, por exemplo, precisam de funcionários presencialmente o tempo todo.
Até por isso, várias grandes companhias do país estão com oportunidades de trabalho disponíveis e não conseguem atrair muitos interessados, deixando mais difícil a tarefa do setor de Recursos Humanos (RH).
“Muitas empresas não conseguem oferecer essa modalidade de trabalho remoto por uma série de motivos, como a falta de ferramentas para controle de jornada, então é um dificultador que a gente tem enfrentado”, afirma Débora Thompson, gerente de Recursos Humanos na ValeCard, empresa de meios de pagamentos e benefícios como o vale-refeição.
A própria ValeCard está com algumas oportunidades disponíveis para trabalho em casa, neste caso em cargos voltados à tecnologia, como analista de informática. E para atrair novos talentos, principalmente os mais jovens, a empresa precisou rever a política salarial.
Concorrência
E se por um lado o avanço do home office facilitou a busca das empresas por trabalhadores de outras cidades e Estados, aumentando a chance de elas encontrarem o perfil desejado, por outro provocou uma maior concorrência pelos melhores funcionários, pois as companhias estrangeiras também entraram na briga pela contratação dos grandes talentos brasileiros.
“Com o trabalho remoto, ficou muito mais fácil para qualquer desenvolvedor ou profissional de tecnologia trabalhar para empresas estrangeiras. Com isso aumenta ainda mais a demanda, né? São profissionais brasileiros, com alta capacidade e muita qualidade de entrega, com valor relativamente acessível para empresas de fora”, avalia Alisson Idaló, diretor da Own Financial Services, empresa mineira que oferece serviços financeiros digitais e, por isso, emprega vários profissionais de tecnologia.
E nem mesmo a onda de demissões nas empresas gigantes do setor, como Google e Meta, deve assustar os trabalhadores, segundo Idaló.
“Os últimos cortes que a gente viu o mercado anunciando nas startups e até nas chamadas big techs foram porque elas surfaram por um bom tempo na abundância do capital de risco, que estava disponível no mercado, mas agora ele foi reduzido, por isso essas empresas começaram a focar em receita. Só que por outro lado, a tecnologia hoje é uma das principais linhas, senão a principal linha de investimento de qualquer empresa que quer se manter na vanguarda. Por isso fica difícil qualquer companhia fazer cortes dentro dessa área. As demissões acabam ocorrendo mais em setores operacionais, que foram necessários ali para um crescimento mais acentuado das empresas e que passam depois por um nível de automatização. Por isso eu acredito que a tecnologia é o principal investimento hoje de qualquer empresa que quer se manter na ponta”, analisa.
Para suportar todo o crescimento previsto para 2023, a própria Own Financial Services está com 60 vagas de trabalho abertas nas áreas de tecnologia e desenvolvimento.
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